EXISTEM EVIDÊNCIAS DA
EVOLUÇÃO?
Marcia
Oliveira de Paula, Ph.D.
Se
abrirmos qualquer livro de Biologia do 2o grau vamos nos deparar com um capítulo denominado
“Evidências da evolução”. Será que existem mesmo evidências da evolução? Vamos
analisar algumas dessas evidências e verificar se elas são mesmo válidas.
As semelhanças na anatomia são
consideradas como uma das evidências da evolução. Por exemplo, ao compararmos a
asa de uma ave, a nadadeira anterior de um golfinho e o braço de um homem,
veremos que, embora elas sejam muito diferentes, possuem estrutura óssea e
muscular bastante parecidas. Os evolucionistas interpretam estas semelhanças
admitindo que estes seres tiveram ancestrais em comum, dos quais herdaram um
plano básico de estrutura corporal. Os criacionistas, por outro lado,
interpretam as mesmas semelhanças como evidências de planejamento e desígnio
criativos. Um engenheiro que planejasse diferentes tipos de máquinas não
começaria de um rascunho para cada uma das máquinas. Os dados indicam que um
Criador inteligente projetou o sistema de membros para os vertebrados. Ele
desenvolveu um plano geral flexível que poderia se adaptar a cada uma das
necessidades. O evolucionista precisa supor que todas essas características se desenvolveram
por mutações casuais e seleção natural. Os criacionistas explicam-nas como
estruturas que receberam do Criador funções especiais para objetivos
específicos, de forma que quando objetivos semelhantes estavam em vista,
estruturas semelhantes foram criadas.
Se compararmos os embriões de
determinados grupos de animais, veremos que existem semelhanças entre eles, e
essas semelhanças são ainda maiores que as encontradas nas formas adultas.
Mesmo antes da época de Darwin, os
evolucionistas alegavam que as semelhanças no desenvolvimento embrionário
indicavam uma descendência comum. Os livros modernos ainda mostram esboços de
embriões de animais como aves, répteis e mamíferos, juntamente com os do homem,
mostrando importantes semelhanças entre eles e atribuindo essas semelhanças à
existência de um ancestral comum.
O
conhecido chavão evolucionista “a ontogenia recapitula a filogenia” é uma
definição popular da “teoria da recapitulação” ou “lei biogenética” de Haeckel.
Ela afirma que cada organismo em seu
desenvolvimento embrionário (ontogenia), tende a recapitular os estágios por
que passaram seus antepassados (filogenia). No caso do homem, por exemplo,
ensinava-se que o embrião humano começou a vida como um protozoário marinho,
desenvolveu-se em um ambiente aquático
até se tornar um verme com um coração tubular, depois até ser um peixe com
brânquias e um coração com duas câmaras, depois até ser um anfíbio com um
coração com três câmaras e um rim mesonéfrico, e depois até ser um mamífero com
um coração de quatro câmaras, rim metanéfrico e uma cauda, e finalmente até ser
um ser humano. Desta forma, o embrião humano reteria “vestígios” de sua
evolução anterior, recapitulando as sua fases principais.
O mais famoso desses paralelos foi
sem dúvida foi o suposto desenvolvimento de brânquias no estágio “de peixe” do
crescimento do embrião humano. Esta suposta recapitulação era inteiramente
superficial; o embrião humano nunca desenvolve brânquias nem nada parecido com
elas , e portanto nunca é um peixe. Na verdade, tanto o homem como todos os
cordados desenvolvem fendas faringeais com bolsas faringeais. Nos peixes elas
mais tarde se transformam nas brânquias. No ser humano, elas se transformam nos
tubos eustaquianos, nas glândulas paratireóides e no timo. Enquanto estão se
desenvolvendo, servem como guias essenciais para o desenvolvimento de vasos
sangüíneos, e desta forma não são, de forma alguma, vestígios inúteis.
A
crença de Haeckel de que cada estágio embrionário representa o estágio adulto
de um de seus ancestrais é considerada completamente errada pelos
embriologistas modernos. Atualmente os evolucionistas aceitam que os padrões de
desenvolvimento embrionário em um grupo de animais próximos podem conter
aspectos que refletem seu passado, mas muitas inovações se superpõem e
freqüentemente obscurecem o padrão ancestral. Assim, não existe uma
recapitulação precisa. É surpreendente que alguns evolucionistas proeminentes
continuem a referir-se a esta idéia como evidência da evolução. Porém, os que
tem conhecimentos atualizados, tanto em embriologia quanto em paleontologia,
não o fazem.
Se para o evolucionista as
semelhanças em embriologia são evidências de uma descendência comum, para os
criacionistas elas evidenciam apenas o planejamento comum de um Criador. Dado o
pressuposto da criação, como os cordados (peixes, anfíbios, répteis, aves e
mamíferos) tinham o desígnio de reproduzir a sua espécie pelo mesmo tipo de
processo reprodutivo, seria de se esperar que o desenvolvimento fosse semelhante
em todos esses animais.
O animal embrionário começa a sua
existência com uma união de duas células (gametas), e após essa união ocorre
uma multiplicação de células que precisa operar-se durante algum tempo no mesmo
tipo de meio ambiente. Além disso, muitas das estruturas que devem ser
desenvolvidas de alguma forma precisam ser semelhantes (membros, cabeça, etc.).
Considerando-se isso, seria natural que os embriões em desenvolvimento
parecessem muito semelhantes nos estágios iniciais de seu desenvolvimento.
Nesse período entretanto, à medida
em que se torna necessário que caracteres especializados correspondentes à
espécie progenitora comecem a se formar, essas semelhanças superficiais dão
lugar às características embrionárias distintas e apropriadas. Na verdade,
essas importantes diferenças se mostram em estágio bem inicial do
desenvolvimento embrionário.
Existem também, mesmo nos estágios
iniciais, diferenças entre os embriões que são tão importantes como as
semelhanças. O DNA de uma ave é bastante diferente do DNA de um réptil. O
material genético distinto, programado para cada espécie de animal, assegura
que apenas aquela espécie se desenvolva a partir daquele embrião
Os recentes avanços da Biologia
Molecular têm permitido comparar diretamente a estrutura genética de diferentes
espécies, através da comparação da seqüência de nucleotídeos da molécula de
DNA. Outros compostos químicos existentes em organismos vivos também têm sido
comparados, especialmente as proteínas, como a gamaglobulina, a insulina, o
citocromo C, a hemoglobina e outras. Em geral (embora com muitas exceções) as
semelhanças respectivas destes sistemas bioquímicos se alinham quase da mesma
maneira como o fazem as semelhanças tradicionalmente baseadas em
características anatômicas e outras características morfológicas. Ou seja,
animais que tenham muitas semelhanças anatômicas geralmente também têm DNAs e
proteínas muito parecidos. Isso seria um fato esperado, sabendo-se que o DNA é
o responsável pela produção das proteínas de um determinado organismo e estas,
em última instância, serão as
responsáveis pelas características fenotípicas destes.
Isto sem dúvida é exatamente o que
seria de se esperar tendo-se como base o modelo criacionista; a bioquímica
comparada pode tanto ser usada como evidência da evolução como evidenciar
apenas o planejamento comum de um Criador.
Órgãos vestigiais são órgãos existentes no homem, bem como em
outros animais, e que são considerados como vestígios inúteis de estruturas que
foram úteis em um estágio evolutivo anterior. Na virada do século foi feita uma
longa lista de órgãos vestigiais em mamíferos. Esta lista foi considerada uma
evidência convincente da megaevolução. Mais de 80 órgãos estavam nesta lista,
que incluía a tireóide, o timo, as glândulas pituitárias, o lobo olfativo do
cérebro, o ouvido médio, as amígdalas e o apêndice. Hoje já se sabe que todos
estes órgãos tem funções úteis e, não raro, essenciais. Mas na época em que a
lista foi feita, ninguém sabia que funções eles tinham. À medida em que foram
feitos estudos pelos fisiologistas, esta lista foi encolhendo. Atualmente já se
mostrou que a maioria dos órgão chamados vestigiais, especialmente no homem,
tem uso definido e não são, de forma alguma, atrofiados.
A lógica usada para se determinar se um órgão é vestigial
deve ser analisada cuidadosamente. Se não conhecemos a função de algo, ele se
torna um candidato a órgão vestigial. A fraqueza desse argumento é que, quanto mais conhecemos, maior é a
chance de que iremos aprender as funções para estes órgãos supostamente
vestigiais.
O apêndice humano era rotineiramente
removido em cirurgias pelos médicos, porque ele parecia não ter utilidade e
freqüentemente causava problemas. Agora já se sabe que ele faz parte do sistema
imunológico. Realmente acontecem casos de doença no apêndice e, quando ele se
infecciona, precisa ser removido. Entretanto, uma pessoa estará melhor se ficar
com seu apêndice.
Será que as vértebras caudais
fusionadas (cóccix) do homem são inúteis? Atualmente, esta pequena estrutura
tem uma função muito importante como ponto de ligação para os músculos que
permitem que fiquemos de pé (e que também fornecem amortecimento quando nos
sentamos). De modo algum elas podem ser
consideradas vestigiais. A via embriológica que produz uma cauda em outros
mamíferos produz em nós uma estrutura muito importante. Será que isso ocorreu
pela evolução, ou foi projetado por um Criador?
Os músculos segmentares no abdômen
são importantes para curvarem o nosso corpo e para manter o tônus da parede
abdominal. Que estes músculos tenham vindo de um ancestral é pura conjectura, e
não evidência pró ou contra a evolução ou a criação.
Por que existem músculos ligados à
nossas orelhas? Alguns desejam
chamá-los de vestígios genuínos, enquanto que outros dizem que eles dão forma a
nossa cabeça ou sustentam nossas orelhas. São necessárias mais informações para
que se possa decidir.
Os membros posteriores das baleias
são ossos isolados que estão imersos no tecido. Eles são considerados pelos
evolucionistas como vestígios de órgãos posteriores verdadeiros que existiam
nos ancestrais terrestres da baleia. Porém , eles têm uma função definida: são
o ponto de ligação de músculos do sistema reprodutor. Os criacionistas podem
argumentar que Deus modificou as instruções genéticas de membros posteriores
para produzir estas estruturas que servem para uma função única.
Fósseis são restos ou vestígios de
seres que viveram no passado. Um fóssil se forma quando os restos mortais de um
organismo ficam a salvo tanto da ação dos agentes decompositores como das
intempéries naturais (vento, sol direto, chuvas, etc.). As condições mais
favoráveis à fossilização ocorrem quando o corpo de um animal ou de uma planta
é sepultado no fundo de um lago e rapidamente coberto por sedimentos.
Dependendo da acidez e dos minerais
presentes no sedimento, podem ocorrer diferentes processos de fossilização. A
permineralização, por exemplo, é o preenchimento dos poros microscópicos do
corpo de um ser por minerais. Já a substituição consiste na lenta troca das
substâncias orgânicas do cadáver por minerais, transformando-o em pedra.
Os fósseis são considerados
evidências da evolução porque mostram que o nosso mundo já foi habitado por
seres diferentes dos atuais e que teriam sido ancestrais das formas de vida
modernas.
Porém, existem alguns problemas
muito graves com os fósseis no campo da teoria da evolução. Vamos analisar
alguns deles.
É
interessante que a mesma abundância de semelhanças e diferenças entre
organismos seja encontrada, tanto entre os seres vivos como entre os fósseis.
Os mesmos tipos de lacunas entre espécies existem no registro fóssil, bem como
entre as plantas e animais atuais. Se o modelo evolucionista fosse válido, era
de se esperar encontrar uma série contínua e horizontal de organismos e não
categorias definidas.
Uma
das mais importantes lacunas fósseis é a existente entre os microrganismos,
como algas azuis e bactérias, que são encontrados em estratos do Pré-Cambriano,
e a abundante e complexa vida marinha invertebrada do período Cambriano. No
Cambriano encontramos uma grande variedade de invertebrados muito complexos,
como trilobitas, ouriços-do-mar, esponjas, medusas, crustáceos, braquiópodes,
moluscos e vermes. Se a evolução tivesse realmente acontecido, deveríamos
encontrar no Pré-Cambriano os antepassados evolutivos de todos estes animais.
Entretanto, nas rochas pré-cambrianas encontramos apenas fósseis de
microrganismos. Se encontramos fósseis de bactérias, certamente deveríamos
encontrar fósseis dos antepassados dos animais do Cambriano. Se os primeiros
evoluíram chegando a ser os segundos, parece impossível que nenhuma forma
transitória entre qualquer deles jamais tenha sido encontrada. Por mais de 150
anos se tem procurado intensamente, mas nenhum destes ancestrais foi
encontrado.
Este
fenômeno tem sido chamado por Gould de “explosão cambriana”. Recentemente, o
tempo estimado em que ocorreu a explosão foi revisado para baixo, de cinqüenta
milhões para dez milhões de anos – o que eqüivale a um piscar de olhos em
termos geológicos. Essa estimativa mais curta obrigou escritores
sensacionalistas a procurar novos superlativos, sendo um dos favoritos o “Big
Bang biológico”. Gould argumenta que a rápida taxa de aparecimento de novas
formas de vida exige outro mecanismo para explicá-las que não a seleção
natural.
Ironicamente,
voltamos ao ponto de partida desde os dias de Darwin. Quando ele propôs sua
teoria, uma das grandes dificuldades era a idade estimada da terra. Os físicos
do século XIX pensavam que a terra tinha apenas cem milhões de anos, ainda que
Darwin pensasse que a seleção natural precisaria de muito mais tempo para gerar
vida. Atualmente os evolucionistas afirmam que a terra é muito mais velha: em
torno de 5 bilhões de anos. Com a
descoberta do Big Bang biológico, contudo, o espaço de tempo necessário para
que a vida passasse de simples a complexa encurtou para muito menos do que a
estimativa da idade da terra no século XIX.
Outro grave problema do registro
fóssil que os evolucionistas não conseguem explicar é que a maioria dos grupos
de plantas e animais aparecem abruptamente no registro fóssil. Não há
evidências de que houve formas transitórias entre esses grupos. Neeville
George, um conhecido evolucionista, declarou: “Não há necessidade de pedir mais
desculpas pela pobreza do registro fóssil. Em alguns casos ela se tornou quase
incontrolavelmente rica, e as descobertas estão ultrapassando a integração... o
registro fóssil, não obstante, continua a ser composto principalmente de
lacunas.” O paleontólogo Niles Eldredge descreve assim o problema: “Não é de se espantar que os
paleontólogos tenham ignorado a evolução por tanto tempo. Aparentemente, ela jamais
ocorre. A coleta cuidadosa de material na face de penhascos mostra oscilações
em ziguezague, pequenas, e uma acumulação muito rara de leves mudanças – no
decorrer de milhões de anos, a uma taxa lenta demais para explicar toda a
mudança prodigiosa que ocorreu na história evolutiva. Quando vemos o
aparecimento de novidades evolutivas, isso ocorre em geral com um estrondo, e,
não raro, sem nenhuma prova sólida de que os fósseis não evoluíram também em
outros lugares! A evolução não pode estar ocorrendo sempre em outros lugares.
Ainda assim, foi dessa maneira que o registro fóssil pareceu a muitos
desesperados paleontólogos, que queriam aprender alguma coisa sobre a
evolução.”
Podemos observar que as chamadas
“evidências” da evolução não são tão convincentes quando analisadas sob outro
prisma. As semelhanças entre seres vivos podem ser bem explicadas pelo modelo
criacionista, admitindo-se que o Criador tenha utilizado planos básicos
semelhantes. E os fósseis, ao contrário do que desejam os defensores da teoria
da evolução, mostram que nunca existiram formas intermediárias entre os grupos
distintos de seres vivos. Esta ausência de lacunas entre os diversos tipos de
seres vivos também está presente no mundo atual.
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