A Construção de um Modelo
Southwestern
Adventist University
Tradução: Urias Echterhoff Takatohi
Revisão: Marcia Oliveira de Paula
Marcos Natal de Souza Costa
Introdução
As camadas de rocha sedimentar e, de forma menos extensa, todas as
rochas da superfície da terra, contém um registro, embora incompleto e sujeito
a ambigüidades, dos processos envolvidos em sua formação. Este fato se estende
de forma menos clara a outros tipos de rocha na superfície da terra. Este
registro pode ser interpretado e uma leitura cuidadosa e iluminada deve lançar
luz sobre os processos envolvidos, e abrir, de certa forma, uma janela para a
história passada da terra. Como a história registrada nos fósseis considerada
anteriormente, esta história registrada da terra, como representada nas rochas
(chamada de "registro geológico), pode ser dividida nos mesmos quatro
intervalos principais mencionados anteriormente. Vamos rever estes termos,
desta vez de olho no caráter geológico das rochas.
Pré-cambriano
Em muitos lugares na superfície da
terra, as primeiras rochas depositadas contêm pouca ou nenhuma evidência de
vida. Embora estas rochas sejam, em outros aspectos, similares às camadas acima
delas, esta falta geral de fósseis e a posição basal das camadas atribui a elas
o status de pré-cambrianas. Nesta
discussão considera-se que tais rochas estavam presentes na terra antes do
dilúvio.
Paleozóico
Freqüentemente depositadas sobre os
sedimentos pré-cambrianos, mas também às vezes depositadas diretamente sobre o
embasamento 1, encontram-se camadas de rocha contendo fósseis em
abundância de representantes marinhos de cada grupo principal de animais.
Muitos arenitos e clásticos grosseiros no Paleozóico basal são seguidos de
folhelhos e calcários mais acima. Conquanto a maioria das formas fósseis
contidas nestas rochas esteja agora extinta, como já mencionado, elas eram tão
complexas quanto qualquer forma viva equivalente. As rochas contendo estes
fósseis são chamadas de paleozóicas (vida antiga) em referência à suposta
antigüidade dos animais fósseis.
Mesozóico
As rochas mesozóicas geralmente
superpõem-se às rochas paleozóicas, mas em alguns casos encontram-se sobre as
rochas pré-cambrianas. Estas rochas também se iniciam com abundantes arenitos e
clásticos mais grossos, que são sucedidos por folhelhos e calcários mais acima.
As rochas contêm plantas e animais de muitas variedades diferentes, que podem
ser melhor descritos como uma mistura de ambientes terrestres e marinhos. As
plantas e animais são formas muito diferentes, embora dos mesmos filos
presentes no registro paleozóico, sugerindo uma substituição quase completa das
formas do Paleozóico.
Cenozóico
A seqüência de rochas superiores
pode estar, em muitas áreas, sobre as rochas mesozóicas ou sobre rochas de
qualquer dos outros intervalos. Estas rochas consistem de uma variedade de
litotipos, mas apresentam em geral menos carbonatos e mais clásticos. As rochas
contêm os restos fósseis de mamíferos terrestres e tipos modernos de plantas
terrestres, além de uma ampla variedade de outras formas fósseis, tanto de
grupos existentes como de extintos.
A Terra Pré-diluviana
Os geólogos têm feito sérias
tentativas de reconstruir a face da terra em várias épocas na sua história
passada. Muitos dos dados para gerar estas reconstruções vêm do estudo do
paleomagnetismo 2. Os paleogeógrafos 3 têm tentado
modelar a superfície da terra passada usando dados paleomagnéticos, junto com
outros indicadores. O resultado deste trabalho tem sugerido que a superfície da
terra, no início do Paleozóico, consistia de um único grande corpo de água
salgada, que neste documento chamaremos de Oceano.
Este corpo de água continha um continente granítico individualizado 4,
de contorno mais ou menos uniforme, com dimensão aproximada da soma de todas as
áreas de terra do planeta hoje, cobrindo metade ou mais de sua superfície. O
Oceano envolvendo a terra servia para moderar o clima e a atmosfera, preservando
o ambiente das flutuações do dia e da noite e também de qualquer mudança
sazonal. Por esta e outras razões 5 o clima da terra era ameno de
pólo a pólo.
A configuração do continente
original sobre o globo em rotação é incerta. Poderia ter se localizado próximo
ao Pólo Sul, como os paleogeógrafos sugerem, ou poderia estar mais próximo do
equador. As duas possibilidades têm conseqüências interessantes. Se a massa de
terra estava distribuída no equador, provavelmente teria uma distribuição mais
ou menos circunglobal. Se estivesse centrada no Pólo Sul, a distribuição de luz
apresentaria um problema interessante.
Este continente exibia três aspectos
geográficos proeminentes. A linha de costa do continente com o oceano era
limitada por planaltos marginais, cadeias de montanhas junto à costa servindo
para separar o interior continental do oceano. No interior dos planaltos
marginais, sobre o próprio continente, havia vastos mares de água doce.
Emergindo dos mares para o interior continental, a terra juntava-se num amplo
platô central.
O platô central consistia num
planalto elevado extenso, uma área que agora compreende os escudos 6
de vários continentes. Este platô era o coração verdejante do planeta, contendo
uma variedade aparentemente sem fim de plantas e animais. A flora desta região
era dominada pelas angiospermas (plantas com flores), e era também a habitação
da maioria dos mamíferos, incluindo o homem. A grande variedade de plantas e
animais, representados mais tipicamente como as formas fósseis das rochas
sedimentares do Cenozóico, habitavam originalmente neste platô central. Este
platô era pontilhado com lagos e riachos, e servia de fundamento para uma rede
complexa de drenagens 7. Nesse planalto central, grandes rios
nasciam e fluíam para os quatro pontos cardeais e regavam a terra. Os rios eram
contíguos com os mares de água doce e eram circulados por algum mecanismo,
talvez envolvendo forças de coriolis ou a atração gravitacional de uma lua mais
próxima.
Circulando a borda do continente,
planaltos marginais separavam a terra do oceano. Estes planaltos marginais 8
eram geralmente mais áridos do que o platô central, que se beneficiava de forma
diferente do sistema hidrológico. Os planaltos marginais mais áridos eram o lar
de uma variedade de plantas mésicas (capazes de viver com menos água) e
animais, dominados pelas formas reptilianas. Havia também muitos sedimentos
destinados a formar os depósitos mesozóicos.
Entre os planaltos marginais e o
platô central, sobre o próprio continente granítico, ficavam vários, talvez
quatro ou mais, grandes mares de água doce 9. Esses corpos de água,
amplamente reconhecidos pelos geólogos como um aspecto proeminente da paisagem
paleozóica, são chamados de mares epicontinentais 10. Vivendo dentro
desses mares haviam representantes de
vários grupos 11 de vertebrados e invertebrados encontrados
freqüentemente em rochas paleozóicas. Uma extensa vegetação variada, típica da
flora paleozóica, cobria a costa imediata e se estendia sobre a superfície dos
mares na forma de ilhas flutuantes 12. As plantas incluíam
principalmente samambaias terrestres herbáceas de propagação rápida do
Paleozóico, fetos arborescentes gigantes, licopódios e calamitas (formas
extintas das cavalinhas modernas) muitas vezes maiores que seus equivalentes
modernos. As plantas dominantes alcançavam alturas de mais de 35 metros, com
diâmetros de tronco de um metro ou mais. O crescimento destas plantas,
particularmente os licopódios arborescentes e calamitas, provavelmente se
completava em uma única estação, com taxas de crescimento vertical de 10 a 20
centímetros por dia. As ilhas, construídas com troncos caídos e folhas destas
formas gigantes, ficavam sobre acúmulos de dezenas a centenas de metros deste
húmus e restos de plantas. Estas ilhas eram habitadas pelos tipos de
quadrúpedes encontrados nas rochas sedimentares do Paleozóico, principalmente
anfíbios 13. Esses vários mares epicontinentais são representados no
registro de rochas pelos geossinclinais 14, onde os extensos
depósitos dos sedimentos paleozóicos são encontrados hoje nos continentes.
O próprio oceano era um corpo
salino, com fundo constituído de rochas basálticas. As águas eram povoadas por
peixes, baleias e outras criaturas marinhas, representando formas de vida
similares às encontradas no oceano atual, além de muitas formas atualmente
extintas, mas geralmente dos tipos encontrados no Mezozóico e a partir deste.
O Dilúvio
No início do dilúvio, as águas da
chuva se acumularam por muitos dias, foram absorvidas pelo solo, e fluíram para
os mares. À medida que a enchente continuou, as regiões baixas adjacentes aos
mares epicontinentais ficaram inundadas, e os próprios mares, com os animais
neles contidos, foram inundados por sedimentos, talvez trazidos também pela
água, e sedimentos resultantes da ruptura do sistema hidrológico 15.
Uma das ferramentas disponíveis para
os geólogos considerarem uma catástrofe global é a informação derivada do
estudo de paleocorrentes, os
indicadores do fluxo direcional da água preservados nas rochas da crosta
terrestre. Esta ferramenta, baseada em aspectos sedimentares tais como
estratificação cruzada, marcas de ondas, orientação de fósseis e outros
indicadores, fornece informação confiável sobre os padrões de fluxo das
correntes de deposição e sobre áreas fonte potenciais para os sedimentos e
fósseis. Os padrões de paleocorrentes observadas no Paleozóico e em outras
divisões da coluna geológica serviriam de modelo para os tipos de processos
envolvidos, assim como as direções de movimento das águas carregadas de sedimentos
sobre a superfície da terra durante cada período sucessivo. Temos acumulado e
estamos ainda acumulando ativamente dados para toda coluna geológica, em todo
mundo, num esforço para reconstruir os processos em larga escala na terra. Os
resultados já obtidos têm esboçado um quadro notável de processos suprabasinais
em todo globo. Estes resultados serão mencionados mais adiante. Para o
Paleozóico, vemos um padrão notavelmente consistente refletido não apenas nos
cratons modernos, mas também aparentemente supracratonicamente. O padrão
observado na América do Norte e também do Sul é de um fluxo predominantemente
para o oeste, com áreas fonte ao leste dos limites cratônicos atuais.
À medida que os sedimentos se
acumularam nos mares, mudanças na salinidade 16 (talvez devido à
atividade vulcânica crescente, ou à exposição de depósitos de sal), aumento de
turbidez (devido ao transporte de quantidades de sedimento para a água) e/ou
alterações de temperatura (resfriamento devido à oclusão do sol por muitos dias
ou aquecimento devido ao aumento de tectonismo), resultaram na destruição
precisa e sucessiva de várias formas de vida na coluna de água, à medida em que
seus limites de tolerância eram alcançados. Estas formas teriam então sido
enterradas de forma ordenada e sucessiva em cada bacia geossinclinal onde
habitavam anteriormente. Na superfície da água, as ilhas de vegetação
flutuantes, fragmentadas pela tempestade, foram deslocadas pelas correntes de
maré para ambientes rasos, onde as massas saturadas de água ficaram embebidas
em sedimentos. As águas em contínua ascensão, movidas por correntes de maré,
repetiam este ciclo, trazendo e soterrando camadas adicionais de vegetação
acumuladas dos mares epicontinentais, produzindo as grandes quantidades de
carvão do Carbonífero 17.
A temperatura global diminuiu sob a
influência de uma cobertura de nuvens contínua. No platô central, começou o
acúmulo de neve e gelo, formando grandes capas de gelo cercadas por floras e
faunas de regiões montanhosas do platô central. À medida que as placas de gelo
moviam-se pelo platô, o substrato foi sendo “raspado” até o alicerce rochoso.
Aqui extensas regiões do interior continental foram desnudadas de todo
sedimento. Como conseqüência, o platô central, uma região que depois se
converteria nos escudos da África, América do Sul, América do Norte e outros
continentes, ficou exposto. Os sedimentos derivados de geleiras fizeram
contribuições significativas para as bordas continentais inundadas abaixo.
O fim do Paleozóico e início do
Mesozóico foi assinalado pela ruptura das margens costeiras pelas águas do
oceano 18 em ascensão. Durante o Paleozóico, estas águas foram
restringidas pelos planaltos marginais. Mas agora, sob a influência de chuva
contínua e subsidência do continente, as águas transbordaram para o interior,
carregando muitos sedimentos e a biota dos planaltos costeiros. Estas águas se
espalharam pelas bacias, agora cheias, dos mares epicontinentais, cobrindo o
continente com sedimento adicional, e destruindo os últimos vestígios das formas
de vida paleozóicas intolerantes ao sal, numa extinção em massa. Estes grupos
foram rapidamente substituídos por organismos da fauna oceânica 19 e
organismos das zonas de vida mésica dos planaltos marginais, incluindo
dinossauros e outras formas de répteis. Recifes de coral com faunas
inteiramente novas e outras formas de vida sésseis do Mesozóico foram trazidas
dos ambientes da costa do oceano para as margens continentais, enquanto os
continentes em expansão avançaram sobre o fundo do mar ou foram soterrados
junto com as margens continentais por sedimentos lavados dos planaltos
costeiros ou foram transportados para as bacias por processos catastróficos.
Por dias ou semanas as regiões rasas continuaram a manter vivos alguns grupos
terrestres, e os animais terrestres sobreviventes migraram para terrenos mais
altos. Sob a incansável investida das águas em contínua ascensão, mesmo estas
formas ficaram logo em perigo. A erosão contínua dos planaltos marginais
forneceu sedimentos tanto para o interior continental como para depósitos
marinhos da costa, que logo seriam incorporados às margens continentais em
avanço.
Todo continente está agora ameaçado
de inundação. Correntes marinhas poderosas correm sobre as terras submersas,
distribuindo sedimentos e organismos pelos continentes, tomando e afogando
grupos inteiros de criaturas terrestres sobreviventes. Essas correntes
mesozóicas são distintas das correntes paleozóicas. As últimas estão claramente
relacionadas aos mares epicontinentais, geralmente dirigidas para fora dos
continentes. As correntes mesozóicas são menos relacionadas a bacias, sendo
dominadas por fluxo para o interior continental, a partir das bordas. As águas
marinhas em avanço transformaram a superfície da terra em uma vasta expansão de
água não interrompida ao cobrirem gradualmente até os pontos mais altos da
terra. Os restos de vegetação em decomposição e carcaças animais entulhavam a
superfície do oceano.
No fim do Mesozóico se inicia a
grande quebra continental. As paleocorrentes continentais indicam uma tendência
para as bacias abertas recentemente do proto-atlântico, no interior do que era
a Pangea. Os continentes começam a se soerguer isostaticamente e o vulcanismo
associado gera grandes quantidades de cinzas e lava. O calor perdido devido à cobertura
de nuvens é substituído por calor liberado pela extrusão magma durante o
trincamento dos continentes. Grandes blocos de gelo se fundem depositando os
restos de plantas e animais do platô central próximo da superfície da terra. Os
continentes emergiram das águas do dilúvio, dissecando bacias com a água
contida e restos de plantas e animais. As próprias bacias começam a acumular
sedimentos. Os restos de plantas e animais afundam e são soterrados nos
sedimentos, enquanto os processos catastróficos diminuem de intensidade. Mas
agora os padrões dominantes de paleocorrentes são basinais, com contribuições
substanciais das principais drenagens continentais em desenvolvimento, tais
como as da bacia do Mississippi. O recuo das águas no final do Cenozóico escavou
cânions ao drenarem os continentes que se levantavam, levando enormes volumes
de detritos para as bacias oceânicas modernas. Enquanto isso, as formas
continentais familiares emergiam, acompanhadas pela formação de montanhas com
deslocamentos e dobramentos continentais em larga escala. Processos
anastróficos (catástrofes locais) resultaram na "lavagem" de grandes
áreas dos continentes e soterramento de restos encalhados do dilúvio. Carcaças
flutuantes de aves e mamíferos se decompunham, provocando a queda de detritos
nos sedimentos acumulados. As plantas começaram a brotar outra vez enquanto
alguns dos peixes sobreviventes se multiplicaram nos lagos e populações de
insetos germinavam.
A Recuperação
Durante algum tempo após o fim da
catástrofe a terra continuou a se recuperar dos seus efeitos. As chuvas
continuaram em quantidades exageradas, o clima oscilava entre o frio glacial e
o calor que, por sua vez, provocava a retração de geleiras. A própria terra
continuou se ressentindo destas influências.Os animais, encontrando um ambiente
aberto, rapidamente se irradiaram pela terra. As taxas de reprodução eram
altas. A disponibilidade de nichos abertos em todos lugares incentivava a
especiação, que ocorreu com taxas sem precedentes. Gradualmente as flutuações climáticas
se tornaram menos evidentes e a terra se acomodou para um período menos
catastrófico.
Explicações
e Testes do Modelo
Este modelo é baseado diretamente em
várias observações relativas à história pretérita da terra. Elaborei-o baseado
em algumas das observações abaixo, no contexto de sua significância para o
modelo.
Bacias Oceânicas Modernas: As bacias oceânicas modernas aparentemente não contêm,
em nenhum lugar, sedimentos mais antigos que o Mesozóico. Isto é, os sedimentos
recuperados do fundo oceânico hoje não contêm fósseis dos tipos encontrados em
rochas paleozóicas. Isto levou os teóricos da Tectônica de Placas 20
e os paleogeógrafos a suporem que todo o fundo oceânico foi subductado 21,
removendo convenientemente o que seria um grande problema para o modelo
evolucionista 22. Por outro lado, o modelo apresentado aqui oferece
uma explicação para a ausência de fósseis paleozóicos nas bacias oceânicas, sem
ter que recorrer a uma remoção completa do fundo oceânico. Isto é importante à
luz das conseqüências térmicas do movimento das placas. Quando o fundo oceânico
é subductado de um lado do continente, ele deve ser regenerado do outro lado.
Esta regeneração pode envolver o cavalgamento do continente sobre o fundo
oceânico ou a extrusão de grandes quantidades de magma fundido do assoalho
oceânico. Em qualquer dos casos, considera-se que o processo envolva a produção
de calor ou de magma. Este magma iria alterar consideravelmente o equilíbrio
térmico do oceano 23.
Este modelo também explica o que tem
sido uma grande dificuldade para os geólogos convencionais. Quase todo
sedimento das bacias oceânicas modernas é do Cenozóico Superior (cerca de 95% é
do Mioceno-Plioceno). Desconsiderando estes sedimentos, existe no fundo dos
oceanos apenas um pequeno registro de sedimentos derivados do continente.
Embora eu nunca tenha ouvido alguma explicação convincente para este dado
dentro do paradigma evolucionista, ele se ajusta perfeitamente a um modelo no
qual os continentes atuais emergiram das águas do dilúvio no Cenozóico
Superior, com escoamento continental maciço estendendo do Cenozóico tardio até
o presente.
Padrões de Geossinclinais: Uma série de bacias deposicionais cortam muitos dos principais
continentes e servem como depositários da maioria dos sedimentos paleozóicos.
Essas "bacias marginais" ou geossinclinais representam os
remanescentes dos mares epicontinentais antediluvianos. Os padrões que formam
na superfície fornecem informações importantes sobre o arranjo preciso dos
continentes pré-diluvianos e os sistemas hidrológicos. A informação é
prontamente disponível, indicando onde esses geossinclinais situavam nos vários
continentes. Isto é de grande ajuda em nossas tentativas de reconstruir a
geografia pré-diluviana, localizando os mares e ajudando-nos a descobrir onde
estariam as áreas fonte das plantas, da vida animal e os sedimentos do
Mesozóico e Cenozóico.
Planaltos Marginais: Estamos acumulando mais informação sobre o tipo de rochas presentes nos
cinturões marginais (freqüentemente chamados de "cinturões móveis”) que
limitavam os continentes e delimitavam os mares epicontinentais do oceano.
Estas montanhas devem apresentar os tipos de rocha encontrados nos fundos
oceânicos e devem ser não fossilíferas ou, se contiverem fósseis, estes devem
ser mesozóicos. Aparentemente este é o caso no momento.
Paleocorrentes: Os padrões de paleocorrentes estão provendo informações chave sobre os
movimentos de água e de sedimentos no continente norte americano através do
tempo. Estamos acumulando dados semelhantes de outros continentes, de forma que
possa ser efetuado também nestes locais um trabalho de reconstrução. Isto é
crucial para se reconstituir a forma do supercontinente original. Baseado nos
dados atuais, parece provável que todo o fluxo durante o Paleozóico foi a
partir dos planaltos centrais, como o modelo prediz, e que a direção do fluxo
durante o Mesozóico foi no sentido contrário, novamente como o modelo prediz.
No Cenozóico, a regra parece ser de correntes basinais, outra vez como o modelo
prediz.
Distribuição de Fósseis
Se o modelo provê uma representação
acurada dos eventos do dilúvio, então deveríamos ser capazes de predizer as
fontes das várias faunas e floras através da comparação da distribuição de
fósseis com os padrões de paleocorrentes. Por exemplo, a distribuição de
fósseis de dinossauros deveria ser prevista se comparamos os padrões de
distribuição de paleocorrentes com os planaltos marginais continentais, nos
quais se propõe que os dinossauros tenham vivido.
Reconstrução da Protopangéia
Estamos procurando entender melhor
os dados paleomagnéticos a fim de determinar que "latitude" temos
para o posicionamento dos continentes não usualmente considerados como parte
integrante do supercontinente proto-pangeano do Paleozóico Inferior. A América do Norte (Laurentia), Europa e
Ásia (Laurasia) e Rússia (Sibéria) são descritos como estando vagando pelo
planeta durante a maior parte do Paleozóico, enquanto o supercontinente
Gondwana permaneceu mais ou menos intacto. Atualmente parece que os dados para
reconstruções paleogeográficas são bem acomodáveis. A idéia de manter um único
supercontinente paleozóico não parece muito forçada, pois a longitude não pode
ser derivada dos dados paleomagnéticos. Assim, as massas continentais podem ser
mais ou menos posicionadas em qualquer longitude. A latitude também é, com
freqüência, determinada por outros dados inferenciais que não o
paleomagnetismo, e até preferidos em relação aos dados paleomagnéticos.
Recifes de Coral
O modelo explica a presença de corais paleozóicos nos continentes.
Também prediz a ausência geral de corais mesozóicos e mais jovens nos
continentes. Parece ser mantida a predição do modelo de que os corais
pós-paleozóicos (corais porque, ao contrário de outras formas marinhas, eles
não podem nadar, caminhar ou voar e crescem lentamente) deveriam ser
encontrados nas proximidades das margens do oceano, ou deveriam ser derivados
destas margens por algum processo sedimentológico ou tectônico. Os principais
escleractíneos e outros biohermas mesozóicos e mais recentes (recifes compostos
de restos de organismos vivos) são encontrados ao longo de margens continentais
ou em zonas de colisão (anteriormente margens continentais), com poucas
exceções.
Como um corolário, o modelo prediz
que as zonas de sutura das colisões continentais deveriam conter sedimentos do
fundo oceânico mesozóicos e recifes de coral mesozóicos, (i.e. corais
escleractíneos, etc.). Uma análise dos tipos de fósseis encontrados nos
Pireneus, nos Alpes, nos Himalaias, nos Cárpatos, nos Urais e outras zonas de
colisão hipotéticas, deveria conter sedimentos do fundo oceânico. Isto foi
verificado para os Alpes, e para outras zonas que foram avaliadas.
Terrenos Acrescionados
Considera-se que áreas
significativas de vários continentes foram incorporadas às margens continentais
quando a placa continental cavalgou a placa oceânica. Algumas vezes estes
terrenos acrescionados ou "exóticos" são de origem oceânica e devem
conter fósseis do Mesozóico ou mais jovens. Algumas vezes eles representam fragmentos
de outros continentes acrescidos por colisão. Neste caso, os restos de uma
bacia marginal podem ser incluídos, contendo principalmente fósseis
paleozóicos. Estamos testando a hipótese de que, em geral, terrenos
acrescionados de origem continental conterão fósseis dos tipos paleozóicos,
enquanto terrenos acrescionados com fósseis mesozóicos ou mais recentes serão
de origem oceânica. Terrenos acrescionados de origem oceânica que contenham
recifes de coral mesozóicos serão consistentes com o modelo. Já foram descritos
mais de 200 destes terrenos identificados na América do Norte, 20 ou mais na
América do Sul e outro tanto da Nova Zelândia e, em sua maioria, eles são
consistentes com o modelo. As poucas exceções ainda não foram analisadas em
detalhe para ver se podem ser acomodados no modelo.
Microfósseis Marinhos
Os radiolários são encontrados tanto
nos mares paleozóicos como nos depósitos meso-cenozóicos. Hoje os radiolários
são conhecidos apenas em ambientes marinhos. Supõe-se, portanto que, no
passado, os radiolários eram apenas marinhos. Há numerosos depósitos de rochas
paleozóicas contendo chertes (sílica precipitada quimicamente) com radiolários.
Entretanto, as formas paleozóicas foram quase que inteiramente eliminadas no
fim do Paleozóico, como seria esperado, se formas de água doce fossem expostas
a condições salinas. Deve-se procurar alguns dados substanciais para a
existência de radiolários de água doce. Alguns outros microfósseis planctônicos
e bentônicos podem ser encontrados tanto em água doce como em ambientes
salinos, mas as formas exatas devem ser diferentes.
Sedimentação Mesozóica
A distribuição de sedimentos
mesozóicos deve se estender bem além das margens dos mares epicontinentais
paleozóicos. Os padrões mesozóicos devem refletir as diferentes fontes de
sedimento, assim como o fluxo para o interior do platô central. Isto parece ser
verdadeiro nos continentes onde dados suficientes estão disponíveis, e mais
dados estão sendo obtidos. O modelo prediz que dados adicionais de outros
continentes irão refletir esta tendência.
Pesquisa Tafonômica
O modelo também sugere uma área frutífera para experimentação em
tafonomia 24. Ambientes contendo uma biota complexa poderiam ser
submetidos a mudanças na salinidade, temperatura e/ou turbidez de modo a
determinar se poderia ser possível modelar uma mortalidade ordenada que pudesse
explicar a seqüência no registro fóssil.
Conclusões
Há muito tempo os criacionistas têm
sido criticados de que não possuem um modelo para explicar o paradigma da
história da terra que eles defendem. Esta crítica tem sido difícil de suportar,
pois implica que o conceito seria ao mesmo tempo inferior e menos científico,
já que nenhum experimento pode ser projetado para testar um modelo que não
existe. Embora a mesma crítica possa ser aplicada ao "modelo"
evolucionista, a percepção de que havia algum tipo de modelo se mostrava uma
vantagem significativa para os evolucionistas. Uma vantagem tática adicional
foi obtida pelos evolucionistas pelo fato de que seu modelo era, em grande
parte, uma descrição das coisas como elas são e, portanto, consistente à
revelia com as observações da natureza. Os criacionistas que geralmente se
sentiam compelidos a basear seu modelo na Bíblia, e tentavam ajustar os dados
geológicos ao seu modelo, estavam assim expostos a uma severa desvantagem
lógica e de procedimento.
A elaboração de um modelo, mesmo que
seja inadequado para explicar cada detalhe 25, parecia ser uma
necessidade crítica para os criacionistas. Neste modelo, tentei ser tão
descritivo quanto possível, tecendo as observações geológicas baseadas na
estrutura da Bíblia. Como resultado, o modelo é também, em grande parte, uma
descrição das coisas da forma que são, e, portanto, naturalmente mais
consistente com os dados observados da ciência. Este modelo proposto tenta
explicar tantos aspectos do registro fóssil quanto possível, dentro dos limites
providos pelo relato da Criação e o do Dilúvio relatados no Gênesis. À medida
que mais informação se tornar disponível, o modelo será modificado de forma correspondente.
Caso se demonstre que este modelo não ajude na compreensão da história passada
da terra, ele poderá ser substituído por um melhor. Enquanto isso, ele oferece
as oportunidades para rigorosa avaliação científica e testes que devem ser
aplicados a qualquer modelo antes que seja adotado ou rejeitado.
24.
Tafonomia é o estudo das condições de morte e soterramento de animais (e
plantas).