Alfredo Suzuki responde:
Brevemente, aminoácidos com um carbono assimétrico podem existir em duas formas: d- (dextrógira ou direita) e l- (levógira ou esquerda). As formas l- podem se transformar em formas d- e vice-versa, aleatoriamente (racemização). Organismos vivos fazem e usam as formas l-. Proteínas mortas possuem uma mixtura. Quanto maior o tempo que elas tem estado mortas, mais perto a razão d-/l- se torna em 1/1.
Datação através de aminoácidos (Datação por racemização de aminoácidos)
A presença de resíduos (traços) de aminoácidos em fósseis através do fanerozóico (eras geológicas desde o Cambriano) tem sido objeto de investigação for 3 décadas ou mais. Entre outros objetivos, este estudo procura estabelecer uma técnica nova para datação de amostras fósseis; em outras palavras, um tipo de "cronômetro biológico":
Os princípios básicos subjacentes ao "cronômetro biológico" de amino ácidos são os seguintes:
1. Proteínas são macromoléculas orgânicas construídas por aminoácidos;
2. Aminoácidos vitais (aproximadamente 20 em número) são levógiros, com exceção da glicina, que não possui nenhum átomo de carbono assimétrico;
3. As proteínas fora do metabolismo vital (i e. de organismos mortos) degradan-se em seus aminoácidos componentes com o tempo.
4. A degradação ocorre de tal forma que a concentração dos aminoácidos levógiros, (l-), decresce com o tempo, enquanto a concentração de aminoácidos dextrógiros, (d-), cresce, até que um ponto de equilíbrio é alcançado; este processo é conhecido como "racemização".
5. A razão l-/d- no estado de equilíbrio e a taxa de conversão de aminoácidos l- em aminoácidos d-, depende do aminoácido, mais precisamente, de quantos átomos de carbono assimétricos um aminoácido dado possui;
6. Estuda-se então, a velocidade de racemização de um certo aminoácido dado, e procura-se construir uma função do tempo, i e., uma relação funcional entre a taxa de conversão do l- para a forma d-, e o tempo;
7. Finalmente, em um procedimento de laboratório, medem-se as abundâncias relativas dos dois componentes através de técnicas padrão de chromatografia e atenta-se atribuir um tempo para o grau observado de conversão da forma l- para a mistura racêmica.
DIFICULDADES ASSOCIADAS COM O MÉTODO
A mais importante dificuldade deste tipo de procedimento para datar amostras de fósseis é que racemização não é um processo fácil de ser descrito matematicamente como uma função do tempo. Ela depende de muitos fatores ambientais, e outros parâmetros e variáveis como:
Crédito da fonte
Amino acid dating, by R.H. Brown, Geoscience Research Institute.
Traduzido por Luiz Poubel Jr. em 31-12-98.
Revisado por Urias Echterhoff Takatohi em 24-03-2003